Ostrácia (2ª ed)
Através das letras
Dum lado, a História; doutro, a intimidade. Dum lado, as palavras de ordem das ideologias políticas revolucionárias. Doutro, o orgasmo múltiplo e os fetiches do Domínio e a Submissão. Dum lado, as figuras de Lenine, Alexandra Kollontai, Nádia Krupskaia e, sobretudo, Inessa Armand. Doutro, a experiência de escrever sendo mulher e, portanto, interpretada como autora de textos vagamente feministas, reivindicativos mas também florais e românticos. Quando a escritora acha um fio narrativo singular –a vida da revolucionária bolchevique Inessa Armand–, experimenta certas contradições.
Inessa Armand é um nome secundário na história, apenas identificável como “a amante de Lenine”. Aliás, participou ativamente na cúpula bolchevique, fundou sociedades feministas, dirigiu jornais, enfrentou-se às normas sociais ao abandonar o marido para marchar com o seu cunhado, de dezassete anos, e foi obrigada a exilar-se dois anos no Ártico. Porém, Ostrácia não pode ser mais um romance sobre a épica das mulheres bravas porque a escritora tem a vontade de explorar o território da exclusão, das margens, esses espaços da dissidência política onde os “nossos” nos confinam por não luzirmos tão claros e obedientes como dantes.
Ostrácia é um castigo merecido, um lugar e um tempo para reinventar-se. E os amores entre Lenine e Inessa Armand reescrevem as vidas atuais e explicam o relato das revoluções interiores. Se a militância for entrega, se as ideologias tiverem que mudar o mundo, então Inessa Armand e a escritora devem entrelaçar-se para contar o nunca contado: que Política e Erótica vão da mão, que tudo na Política, como na cama, se reduz a bailar com o Desejo. Para a política não ser politiquinha e o Desejo não se conformar com desejinhos. Para fazermos habitável a Ostrácia.

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De Teresa Moure dizem que no seu tempo livre escreve. Às vezes mesmo nas paredes. E não falta quem assegure tê-la visto a estragar com grafite o mobiliário urbano por não dispor dum computador à mão. Entre parede e parede, reparte mimos sem medida, que ela nunca foi comedida nem mesurada e cultiva uma horta abafada de flores de uma beleza mortífera. Ainda que ninguém a visse nunca sem um livro nas mãos, mente a quem a quiser escutar contando detalhes atrapalhados sobre as suas experiências −que apenas ela assegura serem tantas− e as suas viagens ao longo do planeta −quase todas imaginárias−.
O seu maior desejo seria pastorear uma manada de girafas, mas, como estes teimosos animais não se habituam à chuva galega, está a pensar em inventar algo com que varrer as nuvens negras do céu.
Talvez seja certo que escreveu vários textos em galego, porque tem o vício de se comprometer com as causas difíceis. Professora na Universidade de Santiago de Compostela de uma especialidade com o procaz nome de linguística geral, absorve cada dia do estudantado a energia necessária para o peso cruel da existência não a esmagar, nem lhe empeça de se somar a qualquer guerrilha que se levante, insurgente, para construir um mundo melhor.
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