Em 2017 a Revolução Bolchevique fez 100 anos. Boa parte dos acontecimentos deste século pode interpretar-se em relação ao impacto internacional desses ideais revolucionários e à forma como se puseram em prática: alinhamento de países e guerra fria, competitividade entre o bloco socialista e o bloco capitalista, confrontados no campo ideológico mas também no tecnológico e no militar. Paralelamente, produzia-se um conflito subterrâneo que rompia as fronteiras geográficas: filosofias dissidentes introduziam esse cerne ideológico em novas esferas do pensamento; contraofensivas, como as políticas do bem-estar, controlavam o avanço do socialismo em países capitalistas; conceções artísticas, símbolos e vanguardas sociais desenhavam um novo mundo. Tudo ficou alterado. Cem anos depois, a velha guarda comunista aproveitará para reivindicar o legado transformador do bolchevismo; o pensamento ultra-liberal para expor à luz alguns episódios de violência e opressão na sua face mais escura.
Duas editoras, a Xerais e a Através, aceitaram um plano sem precedentes: construírem juntas um único livro em dois volumes, marcando uma via de confluência e de inspiração para a convivência das tradições políticas e ortográficas de quem defende neste país a vitalidade da nossa língua e do ensaio redigido nela.