Com este livro Teresa Moure começa um novo tempo de escrita. Inicia-se na poesia e na literatura erótica, rompendo com algumas das ideias que a crítica tinha feito sobre a sua escrita: prosa cheia de metáfora e que insinua mas não explicita. Novo também por escolher a ortografia galego-portuguesa.
Mas, não só é desobediente quanto a linha das anteriores obras da autora ou da norma linguística, a desobediência é o âmago deste livro de poemas que também poderemos ler como história. A história de uma presa independentista acusada vagamente de vigiar arsenais de armas e Galicola, afastada do seu mundo numa prisão do Estado, que constrói o seu relato juntando às suas reflexões de cela as declarações diante do juiz, as suas lembranças, confissões ao lobo… desconstruindo a sua identidade pública e privada, jogando com a tensão revolução-corpo através duma sólida e subversiva voz poética que dá a volta aos tópicos com notas de fina ironia.